quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Apenas o Frio...

Hoje eu saí a sua procura. Hoje eu saí inteiramente determinada a te encontrar. Hoje exclusivamente eu não queria saber do mundo, queria apenas te encontrar perdido em algum bar da cidade. Comecei pelos que ficavam perto da sua casa, a praça, o parque, tudo sem sucesso.
Logo fui parar naquela bendita rua, passando de bar em bar gritando pelo seu nome feito uma louca.
Compro um cerveja e continuo andando e conversando comigo mesma sobre como seria fantástico o momento que eu te encontrasse, depois começava a dizer pra mim mesma o que diria a ti quando acertasse o bar que você estava. Tudo isso sem perceber que eu não ia te encontrar, tudo isso com a mesma inocência que uma criança brinca com um balde numa praia. Nessa noite foi só o frio. O frio e a cerveja. Logo encontrei o grupo de sempre naquela bendita esquina.

"Ei, me dá um trago."
"Eita, Andressa, tudo bem com você?"

Não respondi. Apenas puxei aquele pó branco pras narinas, peguei aquele cigarro e partí. Partí como cheguei. Sem um olhar, sem uma expressão, sem nada. Volto a andar sem rumo pela rua e aí percebi que comecei a te ver em todos os lugares, em todas as mesas, em todos os rostos, em todos os nomes, em tudo. Nesse momento me bateu um desespero, como se meu peito tivesse pequeno demais pro meu coração. Não chorei. Não podia, pelo menos não ainda. Já estava me sentindo cansada de andar a toa naquele lugar sem a menor perspectiva, parando de bar em bar pra comprar uma cerveja que era devorada em cinco segundos. Mais uma vez me veio o frio. O frio e a solidão. Seguiam-me como a minha sombra. Estavam sempre ao meu lado para me fazer compania. Não podia mais esperar, precisava do teu abraço, ouvir tua voz, sentir teu calor me aquecendo, mas tudo o que eu tinha era um par de alucinógenos e o dinheiro pra mais algumas cervejas.

Sempre sem rumo, não só hoje. No dia em que você me deixou pareceu que eu não tinha mais pra onde ir. Parecia que não tinha um porquê pra continuar andando. "Tudo isso pra que?" eu me perguntava e ainda caminho sem resposta. Onde você está? Fico aqui, quase sozinha. Tenho o frio perto de mim, o frio e o escuro do beco.


Logo me veio a raiva. Raiva não de ti, mas muita raiva de não te ter perto de mim. Arremessei uma garrafa de cerveja pra rua do beco e ainda pude escutar alguém.


"Que é isso? Que menina louca!"


Louca. Isso me faz parecer não normal. Até cheguei a rir um pouco disso. Foi a coisa mais eufêmica que já ouvi.
Continuei sozinha na escuridão daquele beco. Chorei. Não tive outra coisa pra fazer. Simplesmente chorei. Apenas o frio estava lá para me limpar as lágrimas.


Apenas o frio.




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Agradecimentos especiais a uma amiga minha acolá...
Um cheiro no cangote, meu amor...


E um abraço também...
Por trás, claro.

Um comentário:

  1. Escreve muito bem... Me identifique muito com a personagem, claro que trago esse "pó" que tragou (rsrsrrs), mas me identifico pelo pelo a causa da da história...

    Ando meio insâna tb.


    Gostei do blog.

    Visitarei algumas vezes aqui, posso?
    De uma chata.

    :)

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